domingo, 17 de fevereiro de 2008

Tudo bem, tudo mal

O transtorno bipolar, alternância radical entre depressão e euforia, tornou-se mais freqüente em crianças e jovens. É a nova hiperatividade?


Numa noite abafada de verão, a escritora Cássia Janeiro, de 43 anos, decidiu ter uma conversa séria com a filha adolescente. Entrou no MSN, a ferramenta de bate-papo virtual preferida da moçada, para estar mais próxima de Fernanda, de 17. Digitava na sala e a filha respondia do quarto, a poucos passos de distância. Cássia estava preocupada com o comportamento ora irritado, ora depressivo da garota.

ELA PROCUROU AJUDA
Nas piores crises, Paula entrava no carro e dirigia em alta velocidade. Hoje, a doença está sob controle


Apesar de inteligente, ela tinha problemas na escola. Achava tudo muito chato, e isso a deixava nervosa. Em outros momentos, a jovem tinha ataques de alegria descontrolados, sem nenhum motivo aparente. Ria à toa e torrava todo o dinheiro em compras. Chocou a mãe quando disse: “A gente não precisa viver muito, precisa viver intensamente. Não quero viver muito”.

Cássia percebeu que aquilo era mais que a típica inconseqüência adolescente. Desconfiou de transtorno bipolar, uma doença psiquiátrica caracterizada por oscilações radicais do humor. Durante as crises, os portadores desse distúrbio caem em depressão ou mergulham numa euforia sem limites. Nas duas situações, a vida deles corre perigo. Um paciente deprimido pode tentar suicídio. Um paciente eufórico se sente tão invencível que pode se atirar da janela achando que é capaz de voar. Cássia conhece bem esses sintomas. Ela mesma é bipolar e já tentou suicídio.

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