quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Gálatas 4: 4 e 5

Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho, ... para resgatar os que estavam sob a lei.

São João 3:16

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Na sua outra vida!?

Na sua outra vida, você era um carroceiro que nasceu no ano de 1622 d.C. na região onde hoje fica a Irlanda.
Você era uma pessoa feliz, um sábio que se acomodou a uma vida muito simples, limitando-se ao mundo em que vivia, que o rodeava e o encantava. Era um trabalhador infatigável. Em sua carroça, transportava sacos de alimentos, objetos e pessoas. Seu destino era conduzir, olhar para o futuro e nunca para trás. Alguém muito independente, que sempre soube trilhar seu próprio caminho.
Às vezes, é melhor andar de mãos dadas com alguém do que sozinho. Procure compartilhar e dividir os seus problemas, peça conselhos e ouça outras pessoas. Não jogue todo o peso do mundo sobre os seus ombros. Olhar para trás também é importante para corrigir alguns erros. No trabalho, procure ser mais flexível e esteja mais aberto a novas idéias.

Hospital

A noite nesse ambiente frio e gélido,
Ficamos pra lá e pra cá, com o movimento do relógio, controlando, medicando e até banhando os pacientes. Alguns dormindo, outros acordados, ouvindo a gente trabalhar, e pra passar a hora ficamos jogando conversa fora, relembrando coisas do passado que não voltam mais.
As vezes contando piada ou tentando falar mau de alguém.
A vida é assim, cheia de surpresas, quando menos espero estou trabalhando em dois hospitais, conhecendo gente nova através de amigos velhos, além de aumentar meus conhecimentos técnicos científico, buscando melhorar. O trabalho é puxado, pesado na maioria das vezes, mas nos divertimos do começo ao fim, é só assim que conseguimos superar os obstáculos de uma noite de trabalho e de ver o tempo passar e aliviar as 12 horas da noite.
O tempo é ligeiro pra quem não tem tempo.
Eu estou há um ano e meio no hospital Samaritano e quase com quatro meses no hospital Madre Teodora, tenho sete anos de casado, com um filho de seis anos, terminado de pagar o nosso terreno, e por fim consegui comprar meu primeiro carro, de um amigo que trabalha comigo no hospital Madre Teodora.
Hoje estou aprendendo a utilizar melhor meu tempo, com um pouco de paciência dou um passo de cada vez. Desde que conheci minha esposa só tenho tido alegria, prosperidade e sucesso que tenho até agora.
Feliz demais estou a ficar, pois a Nil o curso está para terminar, desde de agosto de 2007 voltamos a prosperar.
A noite, nesse ambiente frio de gélido, ficamos pra lá e pra cá...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Maioria da população mundial culpa o homem pela mudança climática, diz "BBC"

Londres, 25 set (EFE) - A maioria da população mundial culpa o ser humano pela mudança climática, segundo uma pesquisa de opinião feita pela "BBC" em 21 países, incluindo grandes emissores de gases poluentes como os Estados Unidos e a China.


Segundo a pesquisa, 79% das 22 mil pessoas entrevistadas acreditam que "a atividade humana, inclusive a indústria e o transporte, é a grande causa da mudança climática".

Além disso, 65% afirmam que é preciso "dar grandes passos muito em breve" para amenizar o aquecimento global da Terra.

Outros 73% dizem ser favoráveis a um acordo internacional que restrinja as emissões de gases poluentes e que inclua tanto países ricos como os emergentes.

A pesquisa foi feita nos seguintes países: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Coréia do Sul, Chile, China, Egito, Espanha, Estados Unidos, França, Filipinas, Reino Unido, Índia, Indonésia, Itália, Quênia, México, Nigéria, Rússia e Turquia.

A enquete, feita mediante entrevistas telefônicas e na rua, foi encomendada pela "BBC" à empresa GlobeScan e ao Programa sobre Atitudes Políticas Internacionais da Universidade de Maryland (Estados Unidos).

Segundo o presidente da GlobeScan, Doug Miller, a "repercussão do clima variável" é "tangível e verdadeira para pessoas de todo o mundo".

"A precisão das conclusões (da pesquisa) torna difícil imaginar um ambiente de opinião pública mais favorável a um compromisso dos líderes nacionais com a mudança climática", acrescentou Miller.

O estudo foi divulgado um dia depois de os líderes de 154 países participarem da conferência da ONU sobre a mudança climática.

No encontro, eles se comprometeram a chegar a um acordo para lutar contra o aquecimento global que vá além das boas intenções.

"Se não agirmos agora, o impacto da mudança climática será devastador", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O presidente americano, George W. Bush, foi uma das grandes ausências da reunião. No entanto, ele compareceu ao jantar que encerrou a jornada de discussões e que foi oferecido por Ban a 25 líderes mundiais.

Bush faltou à reunião, apesar de seu país ser o maior poluidor do mundo e de não ter assinado o Protocolo de Kioto (1997), destinado a reduzir a emissão de gases poluentes que intensificam o "efeito estufa".

No entanto, o presidente americano convocou sua própria conferência sobre a mudança climática para os dias 27 e 28 de setembro.

Bush convidou para o evento a ONU, a União Européia (UE) e quinze países, entre eles Brasil, Japão, Canadá, Coréia do Sul, México, Rússia, Austrália, Indonésia e África do Sul. EFE

Reforma ortográfica

Foto: Morguefile


A reforma ortográfica foi mais uma vez adiada. A decisão da - Colip- Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa foi tomada na última sexta-feira. Apesar disso, o MEC- Ministério da Educação anunciou no início do mês que a licitação dos livros didáticos para a nova ortografia (que deveria entrar em vigor no início de 2008) já está preparada.

O assunto pode não ser o dos mais relevantes, já que outros temas políticos têm sido alvos da imprensa, porém, a sociedade precisa de uma satisfação e mais do que isso, tem de saber o que muda e o que continua igual nas regras da língua caso a idéia seja retomada.

Para esclarecer a questão, a reportagem do Guia da Semana resolveu colocar a mão na massa. A seguir, você vai entender porque essas mudanças vão ocorrer num futuro breve, a quem ela beneficia ou prejudica e como as escolas estão se preparando para essa readaptação, que apesar de atingir apenas cerca de 2% do idioma pode fazer a diferença durante uma prova, concurso ou vestibular.

A língua
O português é falado em oito países: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal. A língua tem duas grafias oficiais, o que acaba dificultando seu estabelecimento como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU). E por isso, a necessidade de padronizá-la. A ortografia-padrão tem como objetivo facilitar o intercâmbio cultural entre essas nações. Segundo o MEC, com as normas unificadas o Brasil sairia do isolamento lingüístico, já que todos os outros da CPLP- Comunidade de Países da Língua Portuguesa- seguem o português de Portugal, dessa forma os livros brasileiros têm de ser traduzidos nesses países.


Foto: sxc.hu


O acordo
A proposta para o acordo ortográfico foi apresentada para a CPLP em 1990 por Antônio Houaiss (1915-1999), um dos maiores estudiosos da língua. Entretanto, para ela ser aprovada era necessário que pelo menos três dos oito países lusófonos ratificassem o tal acordo. E até hoje, Brasil, São Tomé e Príncipe e Timor Leste já o fizeram. Logo, as mudanças poderiam entrar em vigor a qualquer momento. Porém, o adiamento da reforma segundo o presidente da Colip Godofredo de Oliveira Neto aconteceu porque Portugal não aceitou as novas regras da ortografia Por enquanto o acordo está suspenso . O Brasil deve esperar que o país aceite as mudanças. A verdade é que diferente do Brasil, Portugal não demonstrou nem uma vontade política e não está nem um pouco preocupado com isso nesse momento.

As mudanças na sala de aula
As novas regras da língua portuguesa quando acontecerem, serão aplicadas apenas na ortografia, as pronúncias típicas de cada país permanecem iguais. Para as escolas, não haverá uma divulgação oficial do início do acordo explica o diretor de conteúdo do colégio Pueri Domus Lilio Paoliello. Ele pode entrar em vigor em cada país, desde que três dos países de língua portuguesa o tenham aceito. Isso já aconteceu, mas como Portugal ainda não tomou posição, Brasil fica em uma posição não confortável para colocá-lo em ação. É mais uma questão diplomática do que ligada à educação.

De qualquer forma, as escolas particulares também estão preparadas para quando isso acontecer. O Pueri Domus é um exemplo: A partir do momento da opção do governo brasileiro, começaremos a redigir nossos textos do cotidiano e aqueles divulgados pela internet já conforme o acordo e toda vez que uma palavra com nova escrita for trabalhada em sala de aula, os professores chamarão a atenção dos alunos. Porém, não deve haver uma ´caça às bruxas´ ou uma ´cruzada da nova escrita´ para que o trabalho não tenha efeito contrário , finaliza Lilio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Juntos em um churrasco

COMO USAR O SEGREDO

O processo de criação segue uma seqüência que é a seguinte:

- Pedir o que se deseja. E para pedir você deve escrever, falar, sentir, imaginar, ouvir e ter gratidão ai sim a lei da atração funciona. O processo de atração só funciona corretamente e rapidamente se passar pelos cinco sentidos (Ver, Fala, Ouvir, Tocar, Sentir) e sempre no presente do afirmativo. Compre um caderno novo que te inspire e comece escrevendo, o que você tem e é grato, as coisas que você tem mais não gosta, ignore-as. Este caderno vai ser seu catálogo, nele você deve desenhar o que quer, abaixo do desenho você deve fazer um “X” e coloque seu nome assim como você faria num catálogo da Avon, não recorte as coisas que você quer, desenhe e coloque neste desenho a maior quantidade de detalhes que conseguir. Se puder mande fazer um carimbo e carimbe com a expressão.

“Entrega Imediata, Pedido Urgente”.

- Responder é a hora de ver, ouvir, sentir. Após pedir você deve ficar atento a cada resposta que o universo ou a lei da atração ira te dar, se você prestar atenção nestas respostas ira atrair o seu propósito com maior rapidez e estará no lugar certo na hora exata.Preste atenção e você ira sentir, ver ou ouvir essas coordenadas. É uma ferramenta que você terá, para estar no lugar certo, são as emoções.São elas que te ajudarão a se alinhar e seguir para a próxima etapa.

- Recepção é o momento de você se alinhar e ficar no lugar e hora certa é seguir as coordenadas que suas emoções irão te dar, lembre-se emoções boas caminho e hora corretas, emoções ruins caminho errado.

O estudo e prática da lei da atração consistem em descobrir o que pode lhe ajudar a gerar os sentimentos de já possuir o que deseja.Pois esse sentimento é do tempo presente e o universo irá corrigir essa falha e te dará, te facilitará ou mesmo te ajudará com cominhos para chegar neste objetivo.

Vá fazer um test-drive do tipo de carro que deseja ter.Vá visitar o tipo de casa ou apartamento que deseje, e conheça este sentimento de ter o que se deseja, guarde-os e crie um desenho e cole em um local que esteja sempre a vista e toda vez que você ver, lembre-se daquele momento, daquele sentimento de quem já tem.

Não adie, não enrole, o universo gosta de super velocidade ele não pára pra pensar, nem pensa duas vezes, então, HAJA! Essa é a sua parte. E o melhor momento para começar é AGORA. Você será atraído as coisas e estas serão atraídas a você. Apenas suba o primeiro degrau, dê o primeiro passo.

Sobre o tempo de demora? Depende apenas da sua forma de pedir e se alinhar, quem geralmente gosta de pensar, de se culpar, de dar mais créditos à crenças absurdas somos nós, o universo apenas faz o gênio da lâmpada quando concede os desejos, não pergunta se você tem certeza, qual o tamanho, isso é difícil apenas diz: O SEU DESEJO É UMA ORDEM.

Muitas pessoas se sentem estacionadas ou aprisionadas pelas circunstâncias atuais na vida delas. O que deve se aprender de imediato é que você não é mais a mesma pessoa de quando começou a ler essas palavras.

Às vezes numa realidade, e de quem não sabe do segredo, as pessoas ficam estacionadas nas mesmas realidades, de trabalho, saúde, relacionamentos, isso porque não compreendem que oferece a maior parte da sua atenção ao que se está acontecendo, essa não é a atitude de quem conhece o segredo. Pois se você está olhando e dando atenção a uma situação, você está pensando nela e a lei da atração lhe dá mais dessa situação, todos os acontecimentos diários de nossa vida devem ser visto de uma forma vantajosa, e principalmente se não é para resolver neste momento não fale, não pense, não ouça e nem sinta essa situação, coloque uma música que seja um tema de vitória para você e se você não tem uma, crie, comece a ouvir e se apegar em uma música que deste momento em diante signifique vitória.

Vamos a uma prática, o que você pode fazer neste momento para começar a mudar a sua vida? Simples comece fazendo uma lista das coisas pelas quais você é grato por ter tido no passado. Agora comece fazendo uma lista das coisas que você é grato por ter hoje, mesmo que isso seja apenas as roupas que você esteja usando ou até mesmo o fato de ler esta apostila. Pronto! Você acaba de mudar de energia, acaba de mudar a freqüência de seu cérebro, de seus pensamentos, de suas ondas magnéticas e agora você está pronto para começar a visualizar.Quando você está visualizando, quando você tem aquela imagem na sua mente, neste momento só veja isso, depois passe ao sentir o prazer em ter aquilo e perfeito!! você aprendeu a pedir. Muitos acham que se tiverem pensamentos positivos e visualizarem o que querem já será o suficiente, mas se você estiver fazendo isso e não sentir, não manifestará o poder da atração. É assim que funciona. É assim que funciona. É assim que funciona. É assim que funciona. É assim que funciona. É assim que funciona. É assim que funciona.

Você pode começar do nada, partindo de nenhuma alternativa, o caminho de inicio ou saída será construído, mas você só irá ver alguns metros a sua frente.

Decida o que quer, acredite que você pode ter, acredite que você merece, acredite que seja possível para você, lembre-se o que você já tem e então feche os olhos, visualize, sinta as emoções de já ter tal coisa. Então siga.

“Tudo o que nós somos hoje é o resultado daquilo que nós pensamos no passado”.

Psicologia Aplicada à Enfermagem

Definições

Processos mentais: aprendizagem, lembranças, desejos, pensamentos, (não é palpável).

Comportamentos: toda ação é um comportamento, (andar e sorrir).

Tanto processo mental e comportamentos, caminham juntos.

As hierarquias das necessidades humanas

Maslou cita o comportamento motivacional, que é aplicado pelas necessidades humanas. Entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os às ações. Para que haja ação a reação é preciso que um estímulo seja “implementado”, seja decorrente de coisa externa ou proveniente do próprio organismo. Esta teoria nos dá idéia de um ciclo motivacional.

Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que poderá assumir várias atitudes.

a-) Comportamento ilógico ou sem normalidade;

b-) Agressividade por não poder dar razão à insatisfação contida;

c-) Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios – digestivos;

d-) Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;

e-) Passividade, moral baixa, má vontade, pessimismo, resistências às modificações, insegurança, não colaboração, etc.

Maslou apresentou uma teoria da motivação, a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, numa pirâmide, em cuja base estão às necessidades baixas e no topo, as necessidades mais elevadas.

De acordo com Maslou, as necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie, alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As necessidades sociais incluem aa necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. As necessidades de estima envolvem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia.

A necessidade de auto-realização são as mais elevadas, até cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente.

Psicologia do Desenvolvimento

Esta área de conhecimento da psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: físicos, motor, intelectual, afetivo-emocional e social, desde o nascimento até a morte.

O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua. Estas são as formas de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e se solidificando até o momento em que todas elas se estruturam.

Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda vida. Esse estudo nos faz compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano.

Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária.

Planejar o que é, como ensinar, implica saber quem é o educando. Existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprios de cada faixa etária.

Fatores Que Influenciam o Desenvolvimento Humano

-Hereditariedade

A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não se desenvolver. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se encontra.

-Crescimento orgânico

Refere-se ao aspecto físico.

-Maturação neurológica

É o que torna possível determinado padrão de comportamento.

-Meio

Conjunto de influências e estimulação ambientais que altera os padrões de comportamento do indivíduo.

Aspectos do desenvolvimento humano

Aspecto-físico-motor

Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, ex: A criança que leva a chupeta à boca.

Aspecto intelectual

É a capacidade de pensamento, raciocínio, ex: A criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel.

Aspecto afetivo-emocional

È o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto, ex: A vergonha que sentimos em algumas situações.

Aspecto social

É a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas, ex: Quando em um grupo há uma criança que permanece sozinha.

Não é possível encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos relacionam-se permanentemente. Mãe-filho-pai=amor

Teoria de Freud ( prazer-saciar suas vontades) 3 zonas herôgenas

1ª A boca – intuição (fixação da fase oral: mamar no seio, choro, comer).

2ª Região anal (prazer em evacuação, necessidade fisiológica).

3ª Região genital ou fálica (desenvolvimento da sexualidade).

Quando completamente estruturada aparece o libido (auto conhecimento) afetividade, egocentrismo (pai e mãe ) não quer dividir o amor da mãe.

Componentes da personalidade

A personalidade é moldada pelas experiências das crianças em seus primeiros anos de vida, época em que passa por uma seqüência de fases psicossociais.

Freud (1974) acreditava que a medida que se processa o desenvolvimento psicológico do indivíduo, a energia sexual (a libido) transfere-se para regiões diferentes do corpo.

A partir dessa convicção determinou três zonas herôgenas, extremamente sensível à estimulação prazerosa, como ponto de partida para sua teoria de desenvolvimento da personalidade:

-boca

-região anal

-região genital.

- Segundo Freud, em cada fase do desenvolvimento o prazer concentra-se em uma dessas três áreas. Uma concessão excessiva a ou uma acentuada repressão desses prazeres fazem com que a pessoa tenha problemas dessa natureza serem transferidos para a idade adulta, gerando tendências do tipo, busca de um conjugue que se identifique com os pais por exemplo.

Fase oral – Durante o 1º ano de vida, o prazer provém da boca. A criança delicia-se quando come, suga ou morde.

Fase anal – Durante o 2º ano de vida, o prazer provém da região anal. Inicialmente é sentido ao expelir as fezes, depois, ao retê-las.

O prazer deve-se, principalmente, à redução da tensão que se segue à evacuação.

Fase fálica ou genital – Durante o 3º, 4º e 5º ano, a criança descobre que os órgãos genitais proporcionam prazer, chegando muitas delas a se masturbar.

Nesta fase é comum o menino apaixonar-se pela mãe (segundo Freud) e perceber o pai como rival. Mais tarde o menino identifica-se com o pai porque é uma forma mais fácil de chegar à mãe, pois a mãe gosta do pai. Com a menina ocorre o mesmo, só que é com o pai, porém, de forma mais amena.

Apesar de poder apresentar uma variação infinita no seu mundo interno, cada indivíduo tem uma tendência de ser de algum modo, isto é a estrutura do seu mundo interno e as suas tendências configuram a sua individualidade na sua forma. A isto chamamos de personalidade.

Personalidade significa caráter a qualidade do que é pessoal, segundo Corve(2002), personalidade é aquilo que caracteriza a pessoa. É, para o indivíduo, o que o semelhante é para o corpo.

É sua marca pessoal, o que a identifica. A partir das explicações podemos descrever assim os elos escondidos que ligam um evento ao outro.

Inconsciente – Contém elementos instintivos que não são acessíveis à consciência. O inconsciente existe, mas o indivíduo não consegue ter acesso direto a suas informações.

Pré-consciente – Faz parte do inconsciente,podendo se tornar consciente ou não.

Consciente – envolve fatos recentes o que está ciente ou está presente num dado momento.

De acordo com a teoria freudiana, esses 3 elementos constituem a base de todo o estudo da personalidade que são ID, EGO e SUPEREGO.

ID – Contém material herdado instintivo, é desejo, vontade, é o irracional do indivíduo, o reservatório de toda a personalidade.

EGO – É a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. Desenvolve-se a partir do ID e tem a tarefa de garantir saúde, segurança e sanidade da personalidade por meio do equilíbrio entre ID e SUPEREGO.

SUPEREGO – Se desenvolve a partir do ego, atuando como juiz e depois de códigos morais, regras e normas.

Características da criança

1 – De zero a 3 meses, a criança responde favoravelmente a qualquer tipo de estímulos do ambiente. Dos 3 aos 7 meses, manifesta necessidade de estímulos do ambiente e sociais, porém não discrimina esses estímulos, respondendo bem a qualquer pessoa.

2 – Até a faixa de 5 a 6 meses, os objetos existem para a criança somente quando estão presente, quando retirados, a criança não consegue formar sua imagem mental. (Piajet) a partir dessas informações nessa idade, a criança não é capaz de formar uma imagem a mãe, nem de estabelecer com ela uma relação permanente. Aceitando assim qualquer pessoa que se aproxima dela.

3 – Importante, durante a amamentação, seja através do sexo ou da mamadeira, a mãe deve conversar com a criança.

- Após os 7 meses, existe uma necessidade de estimulação constante por uma ou mais pessoas escolhidas em seu ambiente. A criança já escolheu as pessoas, reconhece os pais, estranhos os outros, (Shaffer).

- Nessa faixa, algumas crianças parecem gostar de receber mimos, beijos, carinhos, enquanto outras reagem negativamente a isso.

Assim – Depois de 7 meses, a criança necessita de mais estímulo social e ainda, da presença das mesmas pessoas, sentindo-se abandonada quando elas se afastam por mais tempo. A partir dessa idade, é normal a criança demorar a adaptar-se a novos ambientes, (hospital Poe ex.).

4 – Com 2 anos, a recordação é plenamente possível, mas mantém-se por um período muito curto de tempo. A criança vive o presente, lembra-se pouco do passado. Essa característica pode perdurar até 3 anos, nessa idade a criança não consegue associar bem as coisas. Por exemplo (se ela puser a mão no fogo, se queimar, poderá fazê-lo de novo, pois não faz associações precisas entre causas e efeitos). Esse fato pode ocorrer por 2 motivos:

Características da adolescência

- O aparecimento dos caracteres sexuais secundários.

- O redespertar dos impulsos sexuais e da necessidade de convivência com o sexo oposto, como importante símbolo de status social. O adolescente torna-se capaz de pensar de um modo muito abstrato e sua capacidade de aprendizado atinge o ponto mais alto.

- A revolta contra a autoridade dos pais e das demais pessoas, como uma forma de manifestação da própria identidade. A adolescência é um período de transição entre a infância e a maturidade(adulta), mascada por inúmeras modificações e por uma intensa busca de adaptação social.

- As incertezas e os problemas vividos pelo adolescente decorre de vários fatores, tais como: relacionamentos familiares, sociais e do maio cultural em que vive.

- No entanto, à sociedade em que a passagem do indivíduo do estágio correspondente à adolescência para o mundo adulto se faz naturalmente, sem que ocorram os distúrbios do ‘período de transição’.

O paciente adolescente

- A reação do paciente adolescente é variada, dependendo do tipo de doença, da personalidade e da maturidade do paciente.

- Como o adolescente já tem consciência do próprio corpo, um dos problemas que costuma surgir é a reação à transformações físicas que se verificam durante a puberdade. Daí poder achar a falta de privacidade acorrentada pela hospitalização mais incômoda que para pessoas em outras fases da vida.

- O adolescente não é adulto, mas também não quer ser tratado como criança. Portanto, fica inibido quando seus companheiros são adultos, em sua maioria.

- O adolescente sente enorme necessidade de desprender energia. A imobilidade barra essas válvulas de escape de energia e pode desviar o jovem para dentro e si, provocando ansiedade e tensão.

- O adolescente é um cooperador, encara a doença como fato passageiro e tem muita vantagem de melhorar logo.

Idade Adulta

A adultícia está mais relacionada com a maturidade do que com a idade. Alguns problemas comuns do adultos são:

* Sobrecarga de tensão, associada ao trabalho.

* Tensão na adaptação com a vida conjugal (sexual, etc).

* Problemas com os filhos.

* Novas adaptações no período da meia-idade, caracterizada principalmente pela depressão.

Paciente Adulto

O doente adulto tem medo do desconhecido, principalmente por ignorar sua patologia e as medidas que são tomadas em seu tratamento. Toda doença causa um verdadeiro impacto psicológico nas pessoas, tanto pela preocupação que a carreta, como pelo medo do desconhecido e da morte.

O adulto é independente por natureza e um problema que provavelmente encontrará é a necessidade de depender dos outros, como paciente que é. Essa circunstância pode provocar manifestações como a regressão, a agressividade, a tristeza, o egocentrismo, a angustia, enfim, uma verdadeira frustração em face da mudança radical que há em sua vida.reagir diante do sofrimento, por menor que ela seja é um fato muito natural.

Cada paciente, de acordo com sua condição pessoal e concreta e com a sua doença apresenta reações diferentes.

O paciente precisa sentir-se compreendido, especialmente no plano afetivo emocional.

Quanto mais os medos e as incertezas forem aliviados por palavras tranqüilizantes e explicações, menos grave será a alteração do comportamento do doente. Nada pode impressionar mais negativamente e destruir sua confiança na enfermagem do que o funcionário que afirma: “não vai doer nada”, sendo que, de fato, a intenção provocará desconforto ou dor.

Lembre-se: A enfermagem assiste ao ser humano e não a sua doença.

Cada paciente, pelo fato de ser doente não deixa de ser uma pessoa distinta; por isso, a enfermagem deve adaptar suas atitudes a personalidade de cada um. Para isto, obviamente, um senso de observação muito grande e uma sensibilidade capaz de captar os detalhes que possibilitam o conhecimento de certas ações e comportamentos dos pacientes sob seus cuidados.

Idoso

Características do idoso

* Redução da capacidade de integrar novos princípios, de orientação, conseqüente dependência progressiva dos princípios e idéias do passado.

* Tendência a ser mais rígido na maneira de pensar e dificuldades de aceitar novas idéias, conceitos apresentados pelas pessoas com quem convive.

* Lentidão na apreensão de idéias e mais insegurança na evacuação dos acontecimentos recentes; vive mais o passado.

* Afrouxamento dos laços familiares, o que pode tomar mais difícil o acesso da pessoa idosa aos contatos familiares e aumentar ainda mais seus sentimentos de melancolia e solidão.

* Fortalecimento da fé religiosa, o que favorece a aceitação do envelhecimento e da morte.

O Paciente Idoso

É uma pessoa vunerável, por isso requer assistência de enfermagem adequada.

A enfermagem deverá possibilitar ao idoso uma vida ordenada e segura, demonstrando-lhe respeito, compreensão e afeto. Além disso deve ajudá-lo a superar seus sentimentos de inutilidade e as dificuldades inerentes a sua situação pessoal e patológica.

É importante reconhecer que a velhice não é uma doença, mas uma fase normal da vida humana.

O Destino

O Destino é uma divindade cega, inexorável nascida da Noite e do Caos. Todas as outras divindades estavam submetidas ao seu poder. Os céus, a terra, o mar e os infernos faziam parte do seu império: o que resolvia era irrevogável; em resumo, o Destino era por si mesmo essa fatalidade, segundo a qual tudo acontecia no mundo. Júpiter, o mais poderoso dos deuses, não pôde aplacar o Destino, nem a favor dos outros deuses, nem a favor dos homens.

As leis do Destino eram escritas desde o princípio da criação em um lugar onde os deuses podiam consultá-las. Os seus ministros eram as três Parcas encarregadas de executar as ordens. Representam-no tendo sob os pés o globo terrestre, e agarrando nas estrelas, e um cetro, símbolo do seu poder soberano. Para mostrar que era inflexível, os antigos o representavam por uma roda que prende uma cadeia. No alto da roda uma grande pedra, e embaixo duas cornucópias com pontas de azagaia. Conta Homero que o Destino de Aquiles e de Heitor é pesado na balança de Júpiter, e como a sorte do último o arrebata, sua morte é decretada, e Apolo retira o apoio que lhe dispensara até então. São as leis cegas do Destino que tornaram culpados a tantos mortais, apesar do seu desejo de permanecer virtuosos: em Ésquilo, por exemplo, Agamemnom, Clitemnestre, Jocasta, Édipo, Eteoclo, Polínice, etc., não podem fugir à sua sorte.

Só os oráculos podiam entrever e revelar o que estava escrito no livro do Destino

O Renascimento dos Templários e a Maçonaria

"É provável que a Ordem dos Templários tenha funcionado por algum período na clandestinidade, com seus membros reunindo-se secretamente... Uma das causas de sua subsistência talvez tenha sido a manutenção de atividades secretas, hipótese levantada por alguns historiadores... Não seria surpreendente constatar-se o funcionamento de ordens esotéricas com raízes no movimento dos Templários. Independente de como isso se deu, o fato é que existem algumas organizações que se consideram descendentes diretas da Ordem dos Templários de Jerusalém... Entre essas organizações está a maçonaria... Contudo, nem todos os maçons são Templários. O Templário é apenas uma parte da estrutura maçônica conhecida... Por isso mesmo, assume-se como organização fraternal cristã, fundada no século XI..." (adaptado - 01)
Alguns historiadores acreditam que os Cavaleiros Templários escaparam das perseguições do rei Filipe IV de França e do Papa Clemente V, fugindo para a Escócia e para a Inglaterra, e renomeando o grupo para Maçonaria. A fundação da Grande Loja Maçônica, em 1717, seria o restabelecimento dos Templários.
Sobre a Maçonaria, alguns estudiosos afirmam que ela está ligada às lendas de Ísis e Osíris, do Egito; ao culto a Mitra, vindo até a Ordem dos Templários e à Fraternidade Rosacruz entre outros elementos.

O Declínio dos Templários

Foi no início do século XIV que, com a liderança de Jacques de Molay a Ordem entrou num período de acusações e decadência, culminando com sua extinção. Isso porque, independente do país onde estavam instituídos, os Templários somente reconheciam a autoridade do Papa. Conseqüentemente, os reis de diversos países em que os Templários habitavam consideravam a ordem com antipatia e desdém. Em 1307, o rei francês Filipe IV, o Belo, colocou seus olhos no tremendo poder político e nas riquezas dos Cavaleiros Templários franceses. Portanto, ele decidiu planejar como derrubar a ordem e confiscar suas riquezas. O rei infiltrou doze de seus homens em diversos comandos dos Templários, esses espiões serviram bem ao rei em seu plano de destruir os Cavaleiros Templários. Quando o rei atacou na alvorada do dia 13 de outubro de 1307, ele estava bem preparado com uma lista de crimes dos quais os Templários seriam acusados. Estas foram algumas das acusações: Heresia contra a Igreja Católica Romana; Adoração a objetos satânicos; Rejeição de Jesus Cristo, exemplificada por rituais onde se cuspia e pisava-se na cruz; Sodomia e outros atos de homossexualidade. Em toda a história, essas acusações são comuns contra ordens que exigem o celibato. O celibato entre homens comumente resulta em práticas homossexuais.
Além dessas acusações, os Templários confessaram a adoração de um ídolo barbudo, aparentemente uma cabeça, a quem chamavam de Baphomet. Mas quem seria esse ídolo? Algumas fontes afirmam o seguinte:
"O símbolo do Baphomet foi usado pelos Cavaleiros Templários para representar Satanás. O Baphomet representa os poderes das trevas combinados com a fertilidade do bode. Em sua forma 'pura', o pentáculo é mostrado envolvendo a figura de um homem nos cinco pontos da estrela - três pontas para cima e duas pontas para baixo, simbolizando a natureza espiritual do homem." (02)
"Baphomet: o bode que era o ídolo dos Templários... Algumas autoridades afirmam que Baphomet era uma cabeça monstruosa, outros que era um demônio na forma de bode.... Uma figura mágica e panteísta do Absoluto. A tocha entre os dois cifres representa o equilíbrio e a inteligência da tríade. A cabeça do bode, que é sintética, inclui algumas características do cachorro, do touro e da mula... As mãos são humanas... elas formam os sinal do esoterismo em cima e embaixo, para transmitir mistério aos iniciados... e apontam para duas luas crescentes... A parte inferior do corpo está coberta... A barriga do bode é bem proporcional... O bode tem seios femininos.... Em sua fronte, entre os chifres e abaixo da tocha, está o sinal do microcosmo, ou o pentáculo com uma ponta na ascendente..."(03).
Mesmo sem ignorar a perseguição política e os interesses comerciais do Rei Felipe, todas as conjecturas apontam para um desvio profundo da primordial vocação ideológica e religiosa que tinham os Templários. Agora eles haviam se tornados esotéricos e defendiam um sistema de doutrina religiosa bizarra, uma mistura de esoterismo, cabala, cristianismo, judaísmo, islamismo... Enfim, em uma salada bem confusa se tornaria a Ordem dos Templários que chegaria, oficialmente, ao seu fim com a sua extinção pelo papa Clemente V em 1313.

Os Templários

A Ordem dos Cavaleiros Templários foi instituída em 1119 por Hughes de Payns, com a anuência papal de Urbano II, tendo como objetivo dar segurança aos lugares e templos sagrados de Jerusalém, que havia sido conquistada em 1099 pela primeira cruzada.
Em 1127, o Rei de Jerusalém, Balduíno II, pediu ao Papa, sanção papal para a nova Ordem dos Templários, e solicitou-lhe para definir a regra para a vida e conduta de seus membros. Regras e normas foram dadas e a Ordem dos Cavaleiros Templários passou a ser mais do que uma instituição militar, passou a ser uma ordem de Monges Guerreiros de Cristo. Votos de castidade, benção de armas e promessas de descanso eterno, caso morressem na batalha, eram algumas das indulgências concedidas aos cavaleiros de Cristo. Nesses cavaleiros estava incutida a idéia de que matar em nome de Deus era justificável e de que morrer por Ele, santificável. Parece que o Papa, para poder atingir mais facilmente seus ideais, usou a mesma filosofia islâmica da Jihad ou guerra santa, mas com uma roupagem ideológica cristã. O abade de Clairvaux, apoiado pelo papa, desfilou um discurso acalorado em favor dos Cavaleiros Templários dando-lhes autoridade para matar em nome de Deus:
"Na verdade, os cavaleiros de Cristo travam as batalhas para seu Senhor com segurança, sem temor de ter pecado ao matar o inimigo, nem temendo o perigo da própria morte, visto que causando a morte, ou morrendo quando em nome de Cristo, nada praticam de criminoso, sendo antes merecedores de gloriosa recompensa... aquele que em verdade, provoca livremente a morte de seu inimigo como um ato de vingança mais prontamente encontra consolo em sua condição de soldado de Cristo. O soldado de Cristo mata com segurança e morre com mais segurança ainda... Não é sem razão que ele empunha a espada! É um instrumento de Deus para o castigo dos malfeitores... Na verdade, quando mata um malfeitor, isso não é homicídio... e ele é considerado um carrasco legal de Cristo contra os malfeitores" (01).
Pouco tempo depois, no Concílio de Toeis, foram redigidos os estatutos dos templários, imitando a ordem de São Benedito, porém os cavalheiros eram de precária religiosidade, quebrando em pouco tempo todos os votos, incluindo os de pobreza e castidade, tendo como alegação a riqueza e o harém de Salomão. Um grande número de burgueses se alistou na ordem, e a religiosidade acabou cedendo lugar ao orgulho, avidez, luxúria, mas sem jamais deixar de defender o papado que lhes deu total liberdade.

Mito, Rito e Religião

É necessário deixar bem claro, nesta tentativa de conceituar o mito, que o mesmo não tem aqui a conotação usual de fábula, lenda, invenção, ficção, mas a acepção que lhe atribuíam e ainda atribuem as sociedades arcaicas, as impropriamente denominadas culturas primitivas, onde mito é o relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, mediante a intervenção de entes sobrenaturais. Em outros termos, mito, é o relato de uma história verdadeira, ocorrida nos tempos dos princípios, quando com a interferência de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o cosmo, ou tão-somente um fragmento, um monte, uma pedra, uma ilha, uma espécie animal ou vegetal, um comportamento humano. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser.

De outro lado, o mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo. Mito é, por conseguinte, a parole, a palavra "revelada", o dito. E, desse modo, se o mito pode se exprimir ao nível da linguagem, "ele é, antes de tudo, uma palavra que circunscreve e fixa um acontecimento". "O mito é sentido e vivido antes de ser inteligido e formulado. Mito é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento no coração do homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como narrativa".

O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações. E, na medida em que pretende explicar o mundo e o homem, isto é, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma janela a todos os ventos; presta-se a todas as interpretações. Decifrar o mito é, pois, decifrar-se. E, como afirma Roland Barthes, o mito não pode, conseqüentemente, "ser um objeto, um conceito ou uma idéia: ele é um modo de significação, uma forma". Assim, não se há de definir o mito "pelo objeto de sua mensagem, mas pelo modo como a profere".

É bem verdade que a sociedade industrial usa o mito como expressão de fantasia, de mentiras, daí mitomania, mas não é este o sentido que hodiernamente se lhe atribui.

O mesmo Roland Barthes, aliás, procurou reduzir, embora significativamente, o conceito de mito, apresentando-o como qualquer forma substituível de uma verdade. Uma verdade que esconde outra verdade. Talvez fosse mais exato defini-lo como uma verdade profunda de nossa mente. É que poucos se dão ao trabalho de verificar a verdade que existe no mito, buscando apenas a ilusão que o mesmo contém. Muitos vêem no mito tão-somente os significantes, isto é, a parte concreta do signo. É mister ir além das aparências e buscar-lhe os significados, quer dizer, a parte abstrata, o sentido profundo.

Talvez se pudesse definir mito, dentro do conceito de Carl Gustav Jung, como a conscientização de arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo entre o consciente e o inconsciente coletivo, bem como as formas através das quais o inconsciente se manifesta.

Compreende-se por inconsciente coletivo a herança das vivências das gerações anteriores. Desse modo, o inconsciente coletivo expressaria a identidade de todos os homens, seja qual for a época e o lugar onde tenham vivido.

Arquétipo, do grego "arkhétypos", etimologicamente, significa modelo primitivo, idéias inatas. Como conteúdo do inconsciente coletivo foi empregado pela primeira vez por Yung. No mito, esses conteúdos remontam a uma tradição, cuja idade é impossível determinar. Pertencem a um mundo do passado, primitivo, cujas exigências espirituais são semelhantes às que se observam entre culturas primitivas ainda existentes. Normalmente, ou didaticamente, se distinguem dois tipos de imagens:

a) imagens (incluídos os sonhos) de caráter pessoal, que remontam a experiências pessoais esquecidas ou reprimidas, que podem ser explicadas pela anamnese individual;

b) imagens (incluídos os sonhos) de caráter impessoal, que não podem ser incorporados à história individual. Correspondem a certos elementos coletivos: são hereditárias.

A palavra textual de Jung ilustra melhor o que expôs: "Os conteúdos do inconsciente pessoal são aquisições da existência individual, ao passo que os conteúdos do inconsciente coletivo são arquétipos que existem sempre a priori.

Embora se tenha que admitir a importância da tradição e da dispersão por migrações, casos há e muito numerosos em que essas imagens pressupõem uma camada psíquica coletiva: é o inconsciente coletivo. Mas, como este não é verbal, quer dizer, não podendo o inconsciente se manifestar de forma conceitual, verbal, ele o faz através de símbolos. Atente-se para a etimologia de símbolo, do grego "sýmbolon", do verbo "symbállein", "lançar com", arremessar ao mesmo tempo, "com-jogar". De início, símbolo era um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas partes, cujo ajuste e confronto permitiam aos portadores de cada uma das partes se reconhecerem. O símbolo é, pois, a expressão de um conceito de eqüivalência. Assim, para se atingir o mito, que se expressa por símbolos, é preciso fazer uma eqüivalência, uma "con-jugação", uma "re-união", porque, se o signo é sempre menor do que o conceito que representa, o símbolo representa sempre mais do que seu significado evidente e imediato.

Em síntese, os mitos são a linguagem imagística dos princípios. "Traduzem" a origem de uma instituição, de um hábito, a lógica de uma gesta, a economia de um encontro.

Na expressão de Goethe, os mitos são as relações permanentes da vida.

Se mito é, pois, uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo, então o que é mitologia?

Se mitologema é a soma dos elementos antigos transmitidos pela tradição e mitema as unidades constitutivas desses elementos, mitologia é o "movimento" desse material: algo de estável e mutável simultaneamente, sujeito, portanto, a transformações. Do ponto de vista etimológico, mitologia é o estufo dos mitos, concebidos como história verdadeira.

Quanto à religião, do latim "religione", a palavra possivelmente se prende ao verbo "religare", ação de ligar.

Religião pode, assim, ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em relação a seres invisíveis tidos como sobrenaturais. Tomando-se o vocábulo num sentido mais estrito, pode-se dizer que a religião para os antigos é a reatualização e a ritualização do mito. O rito possui, "o poder de suscitar ou, ao menos, de reafirmar o mito".

Através do rito, o homem se incorpora ao mito, beneficiando-se de todas as forças e energias que jorraram nas origens. A ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida. O rito toma, nesse caso, "o sentido de uma ação essencial e primordial através da referência que se estabelece do profano ao sagrado". Em resumo: o rito é a praxis do mito. É o mito em ação. O mito rememora, o rito comemora.

Rememorando os mitos, reatualizando-os, renovando-os por meio de certos rituais, o homem torna-se apto a repetir o que os deuses e os heróis fizeram "nas origens", porque conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das coisas. "E o rito pelo qual se exprime (o mito) reatualiza aquilo que é ritualizado: re-criação, queda, redenção". E conhecer a origem das coisas - de um objeto, de um nome, de um animal ou planta - "eqüivale a adquirir sobre as mesmas um poder mágico, graças ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou reproduzí-las à vontade". Esse retorno às origens, por meio do rito, é de suma importância, porque "voltar às origens é readquirir as forças que jorraram nessas mesmas origens". Não é em vão que na Idade Média muitos cronistas começavam suas histórias com a origem do mundo. A finalidade era recuperar o tempo forte, o tempo primordial e as bênçãos que jorraram illo tempore.

Além do mais, o rito, reiterando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo exemplar, colocando o homem na contemporaneidade do sagrado. É o que nos diz, com sua autoridade, Mircea Eliade: "Um objeto ou um ato não se tornam reais, a não ser na medida em que repetem um arquétipo. Assim a realidade se adquire exclusivamente pela repetição ou participação; tudo que não possui um modelo exemplar é vazio de sentido, isto é, carece de realidade".

O rito, que é o aspecto litúrgico do mito, transforma a palavra em verbo, sem o que ela é apenas lenda, "legenda", o que deve ser lido e não mais proferido.

À idéia de reiteração prende-se a idéia de tempo. O mundo transcendente dos deuses e heróis é religiosamente acessível e reatualizável, exatamente porque o homem das culturas primitivas não aceita a irreversibilidade do tempo: o rito abole o tempo profano, cronológico, é linear e, por isso mesmo, irreversível (pode-se "comemorar" uma data histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o tempo mítico, ritualizado, é circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa reversibilidade que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo. O profano é tempo da vida; o sagrado, o "tempo" da eternidade.

A "consciência mítica", embora rejeitada no mundo moderno, ainda está viva e atuante nas civilizações denominadas primitivas: "O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação destinada a satisfazer a uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade primeva, que satisfaz as profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a pressões e a imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas. Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. O mito é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é, ao contrário, uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é, absolutamente, uma teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira codificação da religião primitiva e da sabedoria prática".

Constantino, o amigo e predileto de Deus

Constantino , o imperador romano, dando fim as perseguições, foi o primeiro estadista da Antigüidade a estabelecer um acordo de convivência com a Igreja Cristã. Em troca, foi contemplado com uma teoria de poder que legitimava sua autoridade sobre a cristandade inteira, estabelecendo-se desta maneira um modus vivendi entre o Estado e a Igreja que estendeu-se até os nossos dias.

A conversão do imperador

Constantino e Helena, protetores do cristianismo

"é preciso submeter-se a todo poder dominante.(...) o carrasco é servidor de Deus. Não queres temer o poder? Faze o bem e obterás louvor. Não é em vão que ele (o poder) usa a espada."
Hipólito de Roma – Comentário sobre Daniel


Para celebrar o 30º ano do reinado de Constantino o Grande, em 335, encarregou-se para o ato, em nome da Igreja, ninguém menos do que Eusébio, o bispo de Cesaréia. Os cristãos estavam em estado de graça perante o imperador. Depois de terem sido por três séculos perseguidos, eis que surgiu, em meio aos antigos opressores, um iluminado. Constantino convertido à nova religião, reconhecera-a em 313. Mal pôs o lacre no Édito de Milão, a pesada mão de Roma deixou de abater-se sobre os seguidores de Jesus. Dera-se um milagre. As igrejas se abriram, velhos templos pagãos foram reformados, e a vida clandestina e martirizada dos evangelistas e dos seguidores de Cristo cessou como que por encanto.
A conversão da dinastia romana fora tão sincera que a imperatriz-mãe Helena, a Santa Helena, e suas filhas, pessoalmente, em histórica viagem à Terra Santa, cuidaram da restauração do Santo Sepulcro em Jerusalém. A ocasião do aniversário era tão magnífica que Eusébio decidiu-se apresentar na cerimônia uma teologia política para fixar qual o papel do imperador no universo do Cristianismo oficializado.
“É um novo Moisés!”, assegurou Eusébio à corte presente. Constantino, tal o patriarca judeu, salvara o monoteísmo das injurias do politeísmo. Assim, se o Reino do Céus é governado por um só Pai, o mundo terreno o é por César. Ele é o lugar-tenente de Deus de quem recebeu, pela intermediação de Cristo, a função de assegurar na terra “o plano de Deus para os homens”. Designando-o como “pastor, pacificador, mestre, médico das almas e pai”, Eusébio, em êxtase, chamou-o de “amigo e predileto de Deus”(Laud. Constant., 5; 7,12).

A igreja e os impérios

Talvez, hoje, seja irrelevante saber-se que fim teria a seita do carpinteiro galileu se Constantino não a adotasse. Seja como for, dali em diante nem o Cristianismo, nem o seu pontífice máximo viveram afastados do Estado. Mesmo que, eventualmente, se altercassem com um ou outro regime, Pedro e César, invariavelmente, ancoravam-se num mesmo império. As mãos em oração asseguravam-se sempre estarem garantidas pelas que empunhavam a espada, fosse qual fosse a origem e a geografia da sua autoridade.
Ao desabar o colosso romano-ocidental no século V, O Papado, em substituição ao império caído, aproximou-se dos régulos bárbaros e, depois, do Império Carolíngeo. Ao dissolver-se este em 843, transferiu-se para o Sacro Império Germano, fundado em 962, com quem, desde o início, travou um embate pela liderança da Cristandade. A mitra e a coroa viviam em rixas, mas, faces do mesmo rosto, nunca imaginaram cindir-se.
Abalado e estremecido pela Reforma do século 16, o Papado aliou-se ao Império de Carlos V, e com todos os reis ibéricos que o sucederam. Até Napoleão, o aventureiro que juntara sua coroa no entrevero da Revolução Francesa – que tanto machucara e ofendera os padres - , acertou uma concordata com a Igreja Católica Romana.

Igreja e o Império Americano

Altercados com os liberais, que fundaram o moderno estado secular confinando o sacerdócio apenas às coisas do espírito, não hesitou o Papado – depois de passar 50 anos enclausurado no Palácio de São Pedro - em associar-se ao Império Fascista de Mussolini, assinando com ele o Tratado de Latrão de 1929. Refeito do desastre, resgatando a importância política do Vaticano para a Guerra Fria, ajustou o Sumo Pontífice, no após-guerra, seus passos para compor-se com o novo poder: o Império Americano.
O misterioso e proveitoso acordo Reagan-Woityla de 1982, talvez explicasse o estranho silêncio da Cúria Romana frente aos bombardeios sofridos pela Iugoslávia na época do governo de Milosevich. Afinal, trata-se de uma nação seguidora de Cristo - se bem que ortodoxa, mas ainda assim cristã. O Papado não se manifestou nem mesmo quando a aviação aliada (majoritariamente norte-americana), por mais de 70 dias, decolando do próprio solo italiano declaradamente para ir matar, começou a destroçar Nis, justo a velha Nissa, a cidade onde Constantino nasceu há 17 séculos atrás.

As Bruxas do Século XX

Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos ter uma noção das suas dimensões. Neste final de século e de milênio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca dos inquisidores.

Ainda neste fim de século outro fenômeno está acontecendo: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.

Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão trazendo pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não-competição, a união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de continuar viva.

Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se considerar vingadas!

E assim se passam os séculos.

A sociedade de classes que já está construída nos fins do século XVIII é composta de trabalhadores dóceis que não questionam o sistema.

O Malleus como Continuação do Gênesis

Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter po­der de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa.

Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura.

Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.

E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XV III que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça às bruxas”.

Deirdre English e Barbara Ehrenreich, em seu livro Witches, Nurses and Midwives (The Feminist Press, 1973), nos dão estatísticas aterradoras do que foi a queima de mulheres feiticeiras em fogueiras durante esses quatro séculos. “A extensão da caça às bruxas é espantosa. No fim do século XV e no começo do século XVI, houve milhares e milhares de execuções - usualmente eram queimadas vivas na fogueira - na Alemanha, na Itália e em outros países. A partir de meados do século XVI, o terror se espalhou por toda a Europa, começando pela França e pela Inglaterra. Um escritor estimou o número de execuções em seiscentas por ano para certas cidades, uma média de duas por dia, ‘exceto aos domingos’. Novecentas bruxas foram executadas num único ano na área de Wertzberg, e cerca de mil na diocese de Como. Em Toulouse, quatrocentas foram assassinadas num único dia; no arcebispado de Trier, em 1585, duas aldeias foram deixadas apenas com duas mulheres moradoras cada uma. Muitos escritores estimaram que o número total de mulheres executadas subia à casa dos milhões, e as mulheres constituíam 85~Vo de todos os bruxos e bruxas que foram executados.”

Outros cálculos levantados por Marilyn French, em seu já citado livro, mostram que o número mínimo de mulheres queimadas vivas é de cem mil.

Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas as xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde, a não ser com outras mulheres tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças.

Mais tarde elas vieram a representar uma ameaça. Em primeiro lugar, ao poder médico, que vinha tomando corpo através das universidades no interior do sistema feudal. Em segundo, porque formavam organizações pontuais (comunidades) que, ao se juntarem, formavam vastas confrarias, as quais trocavam entre si os segredos da cura do corpo e muitas vezes da alma. Mais tarde, ainda, essas mulheres vieram a participar das revoltas camponesas que precederam a centralização dos feudos, os quais, posteriormente, dariam origem às futuras nações.

O poder disperso e frouxo do sistema feudal para sobreviver é obrigado, a partir do fim do século XIII, a centralizar, a hierarquizar e a se organizar com métodos políticos e ideológicos mais modernos. A noção de pátria aparece, mesmo nessa época (Klausevitz).

A religião católica e, mais tarde, a protestante contribuem de maneira decisiva para essa centralização do poder. E o fizeram através dos tribunais da Inquisição que varreram a Europa de norte a sul, leste e oeste, torturando e assassinando em massa aqueles que eram julga­dos heréticos ou bruxos.

Este “expurgo” visava recolocar dentro de regras de comporta­mento dominante as massas camponesas submetidas muitas vezes aos mais ferozes excessos dos seus senhores, expostas à fome, à peste e à guerra e que se rebelavam. E principalmente as mulheres.

Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade. Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVII, os controles atingem profundidade e obsessividade tais que 05 menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados.

Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais íntimo de suas mentes. E assim que se instala o puritanismo, do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-saxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar de muita violência. Até meados da Idade Média, as regras morais do Cristianismo ainda não tinham penetrado a fundo nas massas populares. Ainda existiam muitos núcleos de “pa­ganismo” e, mesmo entre os cristãos, os controles eram frouxos.

As regras convencionais só eram válidas para as mulheres e homens das classes dominantes através dos quais se transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição muito bem calculada e planejada pelas classes domi­nantes, para chegar a maior centralização e poder.

Num mundo teocrático, a transgressão da fé era também transgressão política. Mais ainda, a transgressão sexual que grassava solta entre as massas populares. Assim, os inquisidores tiveram a sabedoria de ligar a transgressão sexual à transgressão da fé. E punir as mulheres por tudo isso. As grandes teses que permitiram esse expurgo do femi­nino e que são as teses centrais do Malleus Maleficarum são as seguintes:

1) O demônio, com a permissão de Deus, procura fazer o máximo de mal aos homens a fim de apropriar-se do maior número possível de almas.

2) E este mal é feito prioritariamente através do corpo, único “lugar” onde o demônio pode entrar, pois “o espírito [do homem] é governa­do por Deus, a vontade por um anjo e o corpo pelas estrelas” (Parte 1, Questão 1). E porque as estrelas são inferiores aos espíritos e o demônio é um espírito superior, só lhe resta o corpo para dominar.

3) E este domínio lhe vem através do controle e da manipulação dos atos sexuais. Pela sexualidade o demônio pode apropriar-se do corpo e da alma dos homens. Foi pela sexualidade que o primeiro homem pecou e, portanto, a sexualidade é o ponto mais vulnerável de todos os homens.

4) E como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam as agentes por excelência do demônio (as feiticeiras). E as mulheres têm mais conivência com o demônio “porque Eva nasceu de uma costela torta de Adão, portanto nenhuma mulher pode ser reta” (1,6).

5) A primeira e maior característica, aquela que dá todo o poder às feiticeiras, é copular com o demônio. Satã é, portanto, o senhor do prazer.

6) Uma vez obtida a intimidade com o demônio, as feiticeiras são capazes de desencadear todos os males, especialmente a impotência masculina, a impossibilidade de livrar-se de paixões desordenadas, abortos, oferendas de crianças a Satanás, estrago das colheitas, doenças nos animais etc.

7) E esses pecados eram mais hediondos ao que os próprios pecados de Lúcifer quando da rebelião dos anjos e dos primeiros pais por ocasião da queda, porque agora as bruxas pecam contra Deus e o Redentor (Cristo), e portanto este crime é imperdoável e por isso só pode ser resgatado com a tortura e a morte.

Vemos assim que na mesma época em que o mundo está entrando na Renascença, que virá a dar na Idade das Luzes, processa-se a mais delirante perseguição às mulheres e ao prazer. Tudo aquilo que já es­tava em embrião no Segundo Capítulo do Gênesis torna-se agora sinistramente concreto. Se nas culturas de coleta as mulheres eram quase sagradas por poderem ser férteis e, portanto, eram as grandes estimuladoras da fecundidade da natureza, agora elas são, por sua capacidade orgástica, as causadoras de todos os flagelos a essa mesma natureza. Sim, porque as feiticeiras se encontram apenas entre as mulheres orgásticas e ambiciosas (1, 6), isto é, aquelas que não tinham a sexualidade ainda normatizada e procuravam impor-se no domínio público, exclusivo dos homens.

Assim, o Malleus Maleficarum, por ser a continuação popular do Segundo Capítulo do Gênesis, torna-se a testemunha mais importante da estrutura do patriarcado e de como esta estrutura funciona concretamente sobre a repressão da mulher e do prazer.

De doadora da vida, símbolo da fertilidade para as colheitas e os animais, agora a situação se inverte: a mulher é a primeira e a maior pecadora, a origem de todas as ações nocivas ao homem, à natureza e aos animais.

Durante três séculos o Malleus foi a bíblia dos Inquisidores e esteve na banca de todos os julgamentos. Quando cessou a caça às bruxas, no século XVIII, houve grande transformação na condição feminina. A sexualidade se normatiza e as mulheres se tornam frígidas, pois orgasmo era coisa do diabo e, portanto, passível de punição. Reduzem se exclusivamente ao âmbito doméstico, pois sua ambição também era passível de castigo. O saber feminino popular cai na clandestinidade, quando não é assimilado como próprio pelo poder médico masculino já solidificado. As mulheres não têm mais acesso ao estudo como na Idade Média e passam a transmitir voluntariamente a seus filhos valores patriarcais já então totalmente introjetados por elas.

É com a caça às bruxas que se normatiza o comportamento de homens e mulheres europeus, tanto na área pública como no domínio do privado.

E o Verbo Veio Depois

“No principio era a Mãe, o Verbo veio depois.” l~ assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie atra­vés da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God: Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.

Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem au­xílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.

Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French.

Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Géia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, osTitãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nanã Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém.

Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o principio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa.

Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titâs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli.

A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui.

Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso.

Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não­ coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a trans­formação do matricentrismo em patriarcado.

O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso.

Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popular­mente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).

E por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.

Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes...

Tomam ai sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer, O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho.

Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que to­dos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. E à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina.

E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Co­mo Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só.

Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência.

Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher por­que ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina.

A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá á maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteira­mente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstrato.

De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vem juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de inter­ferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.

E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primei­ra mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e do­mina a natureza.

Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem.

Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normatizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alocado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da de­gradação humana.