CHICAGO  (Reuters) - Um novo método para diagnosticar indícios do mal de  Alzheimer no fluido espinhal pode ajudar a identificar com maior  precisão casos em que uma leve perda da memória pode evoluir para a  demência total, segundo um estudo divulgado na quarta-feira pela revista  Neurology.
"A possibilidade de identificar quem vai desenvolver o  mal de Alzheimer bem no começo do processo será crucial no futuro",  disse Robert Perneczky, da Universidade Técnica de Munique (Alemanha),  que comandou o estudo.
"Quando tivermos tratamentos que possam  prevenir o mal de Alzheimer, poderemos começar a tratá-lo muito  precocemente, e possivelmente prevenir a perda de memória e de  capacidade de pensamento que ocorre com essa devastadora doença."
Os  atuais exames do Alzheimer no fluido espinhal avaliam desequilíbrios em  duas proteínas: a beta-amiloide, que forma placas pegajosas no cérebro,  e a tau, que é considerada um marcador de danos nas células cerebrais.
Vítimas  do Alzheimer tendem a ter níveis reduzidos da beta-amiloide e níveis  elevados da proteína tau no fluido espinhal, e médicos costumam examinar  isso para confirmar se casos de demência são causados pelo Alzheimer.
No  estudo, Perneczky e seus colegas procuraram vestígios de um componente  importante da beta-proteína amiloide, chamado proteína precursora  amiloide (APP, na sigla em inglês).
"Se você está cortando um  biscoito, (a APP) é a massa em torno do biscoito que fica para trás",  disse Marc Gordon, pesquisador do Alzheimer no Instituto Feinstein de  Pesquisas Médicas, em Manhasset, Nova York. "É isso que eles estão  mensurando aqui", disse Gordon, que não participou do trabalho.
Os  pesquisadores coletaram o fluido espinhal de 58 pessoas com ligeiros  problemas de memória, condição que muitas vezes evolui para o Alzheimer.
Após  três anos, 21 pacientes haviam desenvolvido a doença, 27 mantinham a  dificuldade cognitiva leve, 8 haviam regredido à capacidade cognitiva  normal, e 2 haviam desenvolvido uma doença chamada demência  frontotemporal, o que as excluiu do estudo.
A pesquisa mostrou  que pessoas que evoluíam para o Alzheimer tinham no fluido espinhal, em  comparação aos pacientes que não desenvolveram a doença, níveis  significativamente maiores desse vestígio da APP, chamado precursor da  beta-proteína amiloide.
Em combinação com outros biomarcadores,  como a presença da tau e a idade do paciente, o exame tinha uma precisão  em torno de 80 por cento ao prever quem iria desenvolver a doença.
Os  cientistas descobriram também que a forma da beta-amiloide geralmente  usada nos exames não é tão eficaz para prever quais pacientes com  deficiências leves irão evoluir para a demência.
O mal de  Alzheimer é fatal e não tem cura, mas laboratórios vêm tentando  desenvolver formas de evitar sua progressão, e por isso no futuro os  novos exames poderão ser necessários, segundo Gordon.