sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

COP-15: o futuro do planeta está em pauta

Qui, 03 Dez, 04h24

Por Ana Paula Galli, especial para o Yahoo! Brasil


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Copenhague é a sede das discussões sobre o futuro da Terra, quando países de todas as partes do mundo se reunirão na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-15), a ser realizada entre os dias 07 e 18 na capital dinamarquesa. O futuro do planeta está em jogo. E a temperatura não para de subir.

O encontro definirá uma agenda global que estabelecerá os esforços para redução do avanço das mudanças climáticas e o qual será o preço de cada país na luta para frear o aquecimento, o que implica uma extensa revisão do modelo de desenvolvimento econômico e social.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão das Nações Unidas, é enfático: a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C - em relação ao período pré-Revolução Industrial - até o final do século. Caso contrário, a sobrevivência humana estará sob ameaça.

Negociadores de cada país membro da COP-15 se reunirão para definir um acordo global para reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. A expectativa é que a nações participantes assumam metas de redução de 25% a 40% de seus níveis de emissão de carbono em relação a 1990 até 2020. A conferência estabelecerá novas metas que substituam o Protocolo de Kyoto, que determinou em 1997 a redução de emissões de gases em 8% com base no ano de 1990.

Alguns países já manifestaram suas intenções. O Brasil busca assumir liderança e chega a Copenhague em posição favorável na discussão, após uma mudança de discurso. Agora, a ministra Dilma Roussef (Casa Civil) anuncia que o país irá propor um corte entre 36,1% e 38,9% em relação ao que emitiríamos no ano de 2020, se nenhum esforço fosse feito. Os Estados Unidos, por sua vez, deverão propor uma redução de 17% das emissões de gases de efeito estufa até 2020. A meta se amplia para 30% em 2025 e 42% em 2030.

Em busca de um acordo


Acreditar que a COP-15 será simplesmente uma tentativa de criar um acordo ambiental é um engano. Mais que salvar o planeta, as negociações do encontro afetarão as estruturas sociais e econômicas dos países que assinarem as propostas, acarretando grandes mudanças.

O fato é que em nenhum encontro para combater as mudanças climáticas realizado até hoje houve um acordo realmente forte, que contasse com a aprovação de todos os países participantes.

Os argumentos são diversos e sempre esbarram em um fator comum: dinheiro. "A mudança climática está se transformando no pretexto [dos países ricos] para seguir políticas protecionistas com um rótulo verde. A Índia e outros países em desenvolvimento se oporão a isso com firmeza", criticou o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, no mês passado.

A declaração de Singh resume bem a preocupação da maioria dos países. Ceder a acordos pode significar perder mercado e assim desacelerar o crescimento econômico. Não só pelas barreiras protecionistas que poderiam ser fortalecidas, mas principalmente pela redução das emissões de gases estar diretamente ligada à perda de competitividade econômica. Com a limitação das emissões, a energia ficaria mais cara e o custo da fabricação de bens dependentes da queima de carvão ou do petróleo também.

Há quem defenda - como o Brasil - que as nações industrializadas devem ajudar financeiramente os países pobres para que estes consigam lidar com as consequências das mudanças climáticas. A discussão, iniciada em 2001 durante a assinatura do Protocolo de Kyoto e relembrada em 2007 durante a Conferência de Bali nunca foi concluída.

Para o físico e ex-ministro de Ciência e Tecnologia José Goldemberg, a ausência de um acordo consistente prevalecerá em Copenhague. "Acredito que compromissos entre os governos serão pequenos. Provavelmente eles esperarão a situação piorar para aí sim agir".


Linha do tempo

As principais decisões que marcaram os últimos anos na busca de uma solução para salvar o planeta.

1987
Relatório Brundtland, proposto pela então primeira-ministra dinamarquesa Gro Harlen Brundtland, foi um dos primeiros documentos a defender políticas de desenvolvimento sustentável.

1992
Eco-92, que teve como principal objetivo principal conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com a proteção da natureza.

1997
Protocolo de Kyoto – determinou que os 178 países signatários reduzissem da emissão de gases do efeito estufa em pelo menos 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012.


Quais são as propostas

Mudar o futuro do mundo depende muito mais do que apenas vontade. É preciso traçar metas bem definidas e cumpri-las a médio e longo prazo. Abaixo as propostas de alguns participantes da COP-15

Brasil
O governo brasileiro deve propor a redução de 36,1% a 38,9% das emissões de carbono na atmosfera estimadas para 2020.

China
Pequim informou que se comprometerá a reduzir entre 40% e 45% da emissão de dióxido de carbono por unidade de PIB até 2020.

Estados Unidos
De acordo com declaração do presidente Barack Obama, os Estados Unidos devem apresentar uma proposta de redução de 17% das emissões de gases de efeito estufa nos país até 2020. A meta se amplia para 30% em 2025 e 42% em 2030.

Índia
Apesar de não ter citado números e metas definidas, o governo indiano se declarou disposto a assinar um objetivo global ambicioso para a redução de emissões de gases do efeito estufa. A afirmação foi feita no final de novembro pelo primeiro-ministro Manmohan Singh, que condicionou a contribuição indiana à dirtribuição da responsabilidades entre os países que participarão do evento.

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