sábado, 10 de abril de 2010

Empresas menores vão ao exterior buscar dinheiro


Cenário favorável a companhias de países emergentes leva grupos de menor porte, sem grau de investimento, a tentar captações fora do País
Altamiro Silva Júnior e Ana Paula Ribeiro, de O Estado de S. Paulo  
SÃO PAULO - A mudança de rumos no mercado internacional, que vem facilitando as captações de empresas brasileiras no exterior, promete começar a beneficiar também os grupos de menor porte. Depois de grandes bancos e companhias de primeira linha, como a Vale, realizarem emissões de bônus no exterior em operações com forte demanda, a expectativa é de que empresas menores, sem grau de investimento, ganhem espaço nessas operações.
Com a alta procura, as taxas pagas aos investidores em algumas emissões voltaram aos níveis anteriores à crise. Os prazos também melhoraram, com espaço até para bônus perpétuos (sem prazo de vencimento), como os que a Globo Comunicação e Participações está colocando no mercado.
Nos últimos dias, foi a vez de os bancos médios acessarem o mercado. O Banco ABC acaba de captar US$ 300 milhões. Na quinta-feira, BicBanco e Panamericano começaram a oferecer papéis de 10 anos. BMG e Fibra podem acessar o mercado externo nos próximos dias, já que têm papéis emitidos lá fora vencendo nas próprias semanas, segundo fonte de um banco de investimento.
Após os bancos médios, a expectativa agora se volta para empresas de porte menor. Segundo fontes, Frangosul e Cosipar estão oferecendo papéis no mercado e pretendem captar, cada uma, cerca de US$ 50 milhões. Entre as grandes companhias, há a expectativa de captação da Petrobrás, Eletrobrás e também do governo brasileiro.
Já para os bancos, a expectativa é de redução no ritmo de emissões a partir de agora. De acordo com um executivo que acompanha esse mercado, as instituições financeiras foram responsáveis por cerca de 70% dos lançamentos de bônus externos feitos neste ano. Mas essa participação deve cair, já que os investidores indicaram que o apetite por papéis do setor financeiro deve diminuir. "Nos últimos road shows (apresentação de dados), os investidores manifestaram uma certa satisfação por volume de papéis de bancos. Acho que veremos só mais umas duas ou três operações no curto prazo."
Interesse
Se o apetite por instituições financeiras está menor, cresce o interesse em empresas que não são grau de investimento e podem oferecer taxas de retorno melhores. Como exemplo, o executivo citou a operação da Magnesita, concluída no final de março e que apresentou uma boa demanda. "Os juros nessas operações estão em níveis baixos, menores que no pré-crise, o que faz com que os investidores tenham cada vez maior apetite por empresas que pagam melhor", explicou.
As empresas de menor porte, porém, ainda não encontram o mercado totalmente aberto. Segundo o diretor da Queluz, butique de investimentos que coordena emissões externas, Plínio Chap Chap, enquanto os bancos pagam na média juro de 6,5% ao ano, empresas têm que oferecer taxas na casa dos 10%. "Os bancos são muito regulados e todos os que captaram até agora são de capital aberto, por isso as taxas mais baixas que empresas", diz o executivo. Na quinta-feira, o Itaú fechou captação de US$ 1 bilhão, pagando 6,261%, em papéis de 10 anos. .
"A demanda por papéis brasileiros é muito alta, seja por papéis de bancos ou de empresas não financeiras", destaca o diretor da área internacional do Banco Máxima, Carlos Gribel. Segundo ele, as emissões de maior porte, normalmente na casa dos US$ 300 milhões, estão sendo colocadas facilmente no exterior, por conta do interesse dos investidores. "Há a percepção lá fora de que os bancos saíram fortalecidos da crise."
Já emissões de menor porte, abaixo de US$ 100 milhões, ainda têm dificuldade de colocação, por conta da liquidez. Os investidores preferem alocar parcela maior de recursos e participar de operações maiores, que contam com mercado secundário mais estruturado.
O mercado também tem a expectativa de que a Petrobrás faça uma grande emissão de bônus. Segundo duas fontes, a empresa estaria esperando a definição de sua capitalização para em seguida fazer uma emissão.

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