segunda-feira, 30 de julho de 2012

Deus Está Morto?


  Observa-se um dado curioso em quem começa a estudar Filosofia: algumas pessoas que afirmam com muita convicção e segurança a existência de Deus acabam perdendo sua fé no decorrer dos estudos filosóficos, ao passo que outras começam a estudar Filosofia sem ter fé religiosa, ou sendo agnósticas, e terminam por crer em Deus ou por ter simpatia pela experiência de fé, chegando mesmo à tentativa de compreender o fenômeno religioso.
  Evidentemente, isso não se refere a todos os estudiosos de Filosofia; não se trata de uma regra. Mas também não é algo raro de se encontrar, o que talvez explique a simpatia quase fanática que algumas pessoas "religiosas" tem por autores como Nietzsche, Sade, Marx, Michel Onfray etc. E isso se observa mesmo entre pessoas religiosas "praticantes", que ainda dizem conservar a fé, mas sentem um prazer quase esquizofrênico com leituras anti-religiosas. E não se trata de ler, por exemplo, as admiráveis páginas do Nietzsche crítico da cultura, da epistemologia, da técnica, do farisaísmo etc, mas do Nietzsche cáustico, corrosivo, que ataca o que ele chamava de cristianismo, mas que talvez não passe apenas de sua visão parcial sobre a influência de Paulo de Tarso (visão essa, aliás, muito parcial, tendo em vista os poucos recursos historiográfic-exegéticos de que Nietzsche dispunha no século XIX).

Por Juvenal Savian Filho (revista filosofia ciência & vida)

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