quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um Amor Para Cada Um

  Platão defendia que o amor é espiritual e transcende a matéria. Já Santo Agostinho define o sentimento de acordo com o objeto amado. "Se você ama as coisas terrenas,  pequenas, você tem um amor vulgar - o amor humano. O amor divino seria amar aquilo que transcende o espírito, a alma, a beleza em si" explica o professor Fabio Maimone. Para Santo Agostinho todas as maneiras de amar são válidas, o erro está em inverter a intensidade do amor. Em um de seus ensinamentos, ele prega que "Pecar é você amar criaturas com o amor de Deus. Ou amar Deus com o amor das criaturas".
  Levando em consideração a visão de Santo Agostinho, para quem há diferentes amores para diferente objetivos, pode-se concluir que amamos as pessoas com intensidade distintas. Por exemplo, um pai não ama todos os filhos da mesma maneira. "Para cada um, ele desenvolve um amor, com intensidade e perfeição relativa a cada indivíduo. Não dá para comprar, pois o amor é um sentimento individual" ressalta Maimone.
  O ideal no amor é alcançar o equilíbrio, a justa medida. Existe uma maneira certa de amar? Um amor ideal? A resposta de Fabio contradiz parte do pensamento platônico. "Sou aristotélico, não acredito em nada ideal, e sim em coisas reais. Platão queria a idéia de uma única beleza para todas as coisas belas. Eu discordo dessa visão. Eu acho que há uma beleza em si em cada coisa".
  O amor na filosofia nasce do que os gregos antigos chamavam de patos. Amar é estar inebriado por uma patologia que não é doença, já que patos em grego quer dizer admiração. Quem não se admira com as coisas belas e com o mundo não pode dizer que está amando. "Aquele que não projeta, não tem iniciativa, não busca por coisas diferentes, não está amando. Está morto, só esqueceu de se deitar" opina Fabio. Para amar tem que haver admiração e espanto. "Tanto que os primeiros filósofos, os pré-socráticos, descobriam as maravilhas da natureza admirando e espantando-se com tudo" conclui.
(Revista filosofia ciência & vida, não sabemos mais amar? por Talita Cicero)

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